segunda-feira, 29 de junho de 2020
Ex Ministro e Ex Governador Aluísio Alves
Assistindo pelos
noticiários televisivos a chegada das águas do rio São Francisco ao estado do
Ceará, portanto podemos dizer que as portas do Rio Grande Do Norte, algumas
recordações afloraram em minha memória, de muita coisa que vivi nos anos 90 ao lado
do ministro Aluízio Alves. Foi Aluízio quem resgatando um sonho antigo deu
forma ao projeto de transposição que hoje é uma realidade. Foram muitas
resistências ao projeto, uma luta grande que só um gigante como ele tinha
coragem para enfrentar, mas sua capacidade de ação venceu todas as adversidades
e no dia 21 de dezembro de 1994, em solenidade no palácio do planalto ele
entregava ao presidente Itamar Franco o projeto todo concluído, e o presidente
assinou, tornando-o irreversível. Lembro-me entre muitas autoridades presentes
nesse momento, senadores, ministros, deputados, governadores, a presença do ex
presidente José Sarney que ao terminar a solenidade veio até Aluízio,
parabenizou- o e disse:” sem você esse projeto durará mais 100 anos para se concretizar”.
Durou 26 anos para chegar até o dia de ontem no Ceará. Quanto tempo mais irá
durar para chegar ao RN ? Se não fossem os interesses contrariados e a pequenez
política de grupos da Bahia e Pernambuco, que se posicionaram contra a obra,
que certamente é um marco na história do Brasil, Aluízio teria deixado esta
grande realização em pleno funcionamento, em apenas um ano. Seu interesse e
entusiasmo pelo projeto era tanto, que parecia um jovem enfrentando seu
primeiro grande desafio de vida. Não desanimou um só minuto! Sua palavra de
ordem para todos era tocar e vencer. Aliás, não existia derrota em seu
vocabulário, mesmo quando os ventos sopraram contrário, quando teve insucesso
eleitoral, Aluízio sempre se saia vencedor. Lembro-me também que em seu discurso
no palácio do planalto, ao entregar ao presidente o projeto concluído, ele sugeriu que fosse dado ao principal canal da
transposição, o nome de CANAL DA ESPERANÇA. Hoje quase três décadas depois, e
nas vésperas do seu centenário, eu na condição apenas de Brasileiro, gostaria
de sugerir que seja dado o nome dele ao menos ao braço que trará a água ao RN.
A sua luta, a sua história, fazem jus a essa e a muitas outras homenagens que
ele possa vim a ter. Quero aqui também resgatar e homenagear ao empresário
Abelírio Vasconcelos da Rocha, carinhosamente chamado de “ Bira” que foi por
ele convocado para essa luta e não se negou. Ocupou a secretaria nacional de
irrigação e muito se doou pela causa. Bira, assim como Aluízio era um
incansável, dia e noite no ministério, ambos deram alma ao projeto. Lembro dele
em todas as viagens, a nascente do rio São Francisco, a Petrolina (PE), a
Fortaleza(CE), sempre com uma palavra oportuna e uma opinião inteligente para
contribuir. Juntamente com Bira, trabalharam também no projeto Romulo Macedo e
Alexandre Firmino. Também quero destacar para esse momento atual o trabalho do
Dep. Henrique Eduardo, que com seu prestígio, sua atuação muito contribuiu para
a continuidade do sonho que seu pai muito bem sonhou, ser realidade. Presidiu a comissão extraordinária da
transpiração na câmara dos deputados, brilhou na condução dos trabalhos e
sempre que o assunto no congresso nacional era transposição, lá estava
Henrique, contribuindo e procurando uma solução para que o projeto pudesse ter
saído do papel. Por tudo isso não poderia deixar passar esse momento sem minha
humilde homenagem ao meu querido e saudoso mestre, que absorveu muito bem o
provérbio chinês que diz: “ Não existe nenhuma tarefa impossível se existir
persistência”. Assim como a
transposição, Aluizio foi um marco em nossa história. Sua falta é imensa, sua
saudade não se define, mas sei que aí do céu vc intercedeu e torceu para que as
águas do São Francisco banhassem as secas terras do semi árido nordestino e
matasse a sede de muitos irmãos. Joaquim Duarte Neto Ex- Assessor Executivo Filósofo e teólogo.

